Toda sociedade possui regras e costumes relacionados a relações sexuais, casamento, residência, estrutura familiar e criação dos filhos. Essas construções culturais são importantes para estabelecer e manter alianças sociais e a continuidade que ajudam a garantir o bem-estar geral da sociedade. Uma cerimônia de matrimônio não marca apenas o casamento entre indivíduos de famílias diferentes, mas também cria uma ligação entre os parentes das duas famílias.
Como em muitos países, no Japão, o casamento representa uma mistura de estilos japoneses tradicionais e ocidentais contemporâneos.
De acordo com a antiga tradição xintoísta, os noivos posam com os parentes próximos e pessoas mais velhas que servem como intermediários na cerimônia.
O noivo utiliza um quimono preto e hakama cinza, calças tradicionais que protegiam as pernas dos guerreiros montados em cavalos.
A noiva veste capuz branco, que simbolicamente esconde da sua sogra os "chifres do ciúme", pois esta terá autoridade sobre ela na família de que passa a fazer parte. O branco do quimono simboliza a pureza. Outras mulheres da família da noiva usam preto.
O templo sagrado de Meiji, em Tóquio, é o local favorito para cerimônias de casamento, dedicado aos espíritos divinos do imperador e de sua esposa.
Após a cerimônia xintoísta, o sacerdote purifica o casal que, acompanhado dos seus parentes mais próximos, toma saquê, bebida feita de arroz fermentado, simbolizando o vínculo entre as famílias.
Documentário: O Casamento (Historicizando as estruturas sociais)
Os hábitos de matrimônio também variam muito entre as culturas: a escolha do cônjuge, os rituais de casamento, os códigos de matrimônio e as regras (ou proibição) do divórcio.
Em algumas, o matrimônio é um evento privado, do qual participam apenas os noivos, os parentes mais próximos e uma autoridade política ou espiritual que confirma de modo formal o ritual de união. Em outras, pode envolver todos os membros da comunidade e, às vezes, pessoas de comunidades vizinhas.
Quando acontece o matrimônio de líderes de alta posição ou pessoas famosas, o evento pode se transformar em um espetáculo público com milhares de convidados e milhões de pessoas que o acompanham pela televisão ou pela internet.
Privado ou público, sagrado ou secular, o matrimônio revela, confirma e ressalta ideias e valores importantes de uma cultura. rico em simbologia, geralmente apresenta rituais litúrgicos específicos, vestimentas, posturas e gestos, comida e bebida, música e danças predeterminadas, tudo transmitido de geração para geração.
Todo ser humano deve satisfazer certas necessidades básicas para se manter vivo, o que inclui alimento, água e abrigo. Além disso, como essas necessidades devem ser atendidas regularmente, nenhuma criatura conseguiria sobreviver por muito tempo se a relação com o ambiente fosse aleatória e caótica.
Nesse aspecto, nós, seres humanos, temos grande vantagem sobre outros animais. Possuímos cultura. Com o tempo, ela se tornou nosso principal meio de adaptação às limitações e possibilidades em qualquer ambiente.
ADAPTAÇÃO
É o processo contínuo pelo qual os organismos passam a fim de se ajustar de modo benéfico a um ambiente específico.
O que torna a adaptação humana singular, entre todas as outras espécies, é a nossa capacidade para produzir e reproduzir a cultura, de modo a se ajustar com criatividade a uma variedade extraordinária de ambientes radicalmente diversos.
A base biológica dessa capacidade inclui cérebro grande e longo período de crescimento e desenvolvimento.
O modo como as pessoas se adaptam às responsabilidades e oportunidades da vida diária é a preocupação básica de todas as culturas. A adaptação cultural de um povo consiste em um complexo de ideias, atividades e tecnologias que permitem a sobrevivência e o desenvolvimento; isto, por sua vez, afeta o ambiente.
Por meio da adaptação cultural cultural, grupos humanos distintos têm conseguido habitar uma grande diversidade de ambientes naturais: da região gelada do Ártico às ilhas de corais da Polinésia, do deserto do Saara à floresta amazônica.
A adaptação não acontece somente quando o ser humano provoca mudanças em seu ambiente natural, ocorre também quando ele é modificado biologicamente pelo próprio ambiente.
Unidade de adaptação
A unidade de adaptação abrange os organismos e seu ambiente. Os organismos, incluindo o ser humano, existem como membros de uma população, que, por sua vez, precisa ter flexibilidade para lidar com a variabilidade e as mudanças no ambiente natural que a sustenta.
Em termos biológicos, essa flexibilidade significa que organismos diversos dessa população apresentam diferenças nos dotes genéticos naturais.
Em termos culturais, significa que a variação ocorre nas habilidades individuais, no conhecimento e na personalidade.
Na verdade, organismos e ambientes formam sistemas interativos dinâmicos. Embora o ambiente não determine a cultura, ele apresenta certas possibilidades e limitações: as pessoas podem cultivar ou pescar com facilidade, mas não se encontra agricultor na tundra congelada da Sibéria, ou um pescador no meio do deserto do Saara.
Alguns antropólogos adotaram o conceito de ecossistema dos ecologistas, definido como um sistema, um todo que funciona, composto pelo ambiente natural e por todos os organismos que nele vivem. O sistema é limitado pelas atividades dos organismos, assim como por processos físicos como erosão e evaporação.
Adaptação na evolução cultural
Os grupos humanos se adaptam ao ambiente através da cultura. Entretanto, ela pode se modificar com o tempo: sofre evolução cultural. Esse processo, às vezes, é confundido com a ideia de progresso, a noção de que o ser humano se move para um estágio mais alto e mais avançado no desenvolvimento em busca da perfeição.
Contudo, nem todas as mudanças são positivas, no longo prazo, tampouco melhoram as condições para todos os membros da sociedade, no curto prazo. As sociedades urbanas complexas não são mais evoluídas que as dos povos coletores. Ambas são altamente evoluídas, de formas bem diferentes.
Para se adequar a um ecossistema, o ser humano (como todos os organismos) deve ter potencial para se ajustar a ele ou se tornar parte dele.
Um bom exemplo são os comanches, cuja história começa na região alta do sul do estado de Idaho. Vivendo numa região árida e difícil, esses indígenas norte-americanos sobreviviam de modo tradicional, se alimentando de plantas selvagens, pequenos animais e, ocasionalmente, de caça de maior porte. O equipamento material era simples e limitava-se ao que eles (e seus cachorros) conseguiam carregar ou puxar. O tamanho do grupo era restrito e a pequena força social que conseguia se desenvolver estava nas mãos do xamã, uma combinação de curandeiro e guia espiritual.
Em algum momento de sua história nômade, os comanches se mudaram para leste, região das Grandes Planícies, atraídos pelas imensas manadas de bisões. Como grupos maiores conseguiam se sustentar com o suprimento novo e abundante de alimento, os comanches precisavam de uma organização política mais complexa. Por fim, adquiriram cavalos e armas dos europeus e de outros mercadores indígenas das regiões vizinhas. Isso aumentou de modo significativo sua capacidade para caçar e provocou o surgimento de chefes caçadores poderosos.
Os comanches passaram a praticar ataques para conseguir mais cavalos (pois não os criavam) e seus chefes caçadores se transformaram em chefes guerreiros. Os antigos caçadores-coletores, materialmente pobres e pacíficos das regiões altas e secas, ficaram ricos, e os ataques passaram a ser um modo de vida.
Entre o fim do século XVIII e o início do XIX, eles dominaram as planícies do sul (atualmente Texas e Oklahoma). Ao se mudar de um ambiente para outro e adotar novas tecnologias, os comanches conseguiram aproveitar as capacidades culturais existentes para se desenvolver nessa nova situação.
Às vezes, sociedades que se desenvolveram independentemente uma da outra encontram soluções semelhantes para problemas parecidos.
Por exemplo, os indígenas cheyenne se mudaram da região de florestas dos Grandes Lagos para as Grandes Planícies e assumiram uma forma de cultura que lembrava a dos comanches, embora o passado histórico-cultural dos dois grupos fosse significativamente diferente. (Antes de se transformarem em caçadores de bisão que utilizavam cavalos, os cheyenne eram agricultores e colhiam arroz selvagem, o que promovia um conjunto distinto de práticas religiosas, políticas e sociais.
Esse é um exemplo de evolução convergente, o desenvolvimento de adaptações culturais semelhantes, em condições ambientais similares, por povos diferentes, com culturas ancestrais distintas.
Particularmente interessante é o fato de que os cheyenne abandonaram por completo a agricultura e se concentraram de modo exclusivo à caça e a coleta, depois de mudarem para as imensas pastagens, no norte das Planícies Altas.
Ao contrário da noção popular de evolução como movimento progressivo para a manipulação cada vez maior do meio ambiente, esse exemplo etnográfico mostra que as mudanças histórico-culturais nas práticas de subsistência nem sempre ocorrem da dependência de alimentos selvagens para a agricultura; o inverso também pode acontecer.
A Antropologia do século XIX pensava a humanidade em uma escala evolutiva.
O racismo pode ser visto como uma das principais implicações deste tipo de pensamento, principalmente no que se refere à ideologia do colonialismo.
Por outro lado, essas teorias trouxeram também algo novo: a ideia de colocar no mesmo barco todas as populações do mundo.
Até o século XIX, ainda se discutia se as populações encontradas pelos europeus eram de fato humanas!
Apesar de a bula Sublimis Deus, promulgada pelo Papa Paulo III em 1537, estabelecer o direito à liberdade dos indígenas e a proibição de submetê-los à escravidão, na Espanha do século XVII ainda se discutia se os indígenas tinham ou não alma.
A inclusão de todas as populações em uma única história humana teve como base a hierarquia evolutiva.
A Antropologia, porém, não se satisfez com essa perspectiva e, desde o final do século XIX, passou a criticar a teoria do evolucionismo. O principal instrumento para fundamentar essa crítica foi o conceito de cultura.
Civilização X Cultura
Já no final do século XIX, o antropólogo alemão Franz Boas construía uma crítica à ideia de civilização das teorias evolutivas na Antropologia. Vimos que por trás da ideia de progresso havia uma ideia de civilização que estabelecia uma hierarquia: civilizados eram os europeus (e norte-americanos), enquanto as demais populações eram escalonadas entre mais e menos atrasadas.
Essa ideia foi duramente criticada por Boas, pioneiro da Antropologia estadunidense. Embora não tenha sido o primeiro a utilizar o termo cultura, ele foi o primeiro a empregar a palavra em seu sentido moderno, propriamente antropológico.
Antes dele, cultura era sinônimo de "civilização" e um atributo dos países tidos como civilizados. Boas inaugurou a utilização do conceito em uma perspectiva pluralista: ele fala de"culturas" e não em "cultura". Pode parecer uma pequena diferença, mas foi uma grande transformação.
E por que?
Porque quando pensamos culturas no plural, torna-se possível desconstruir as hierarquias, tão importantes para o pensamento colonial e racista em geral.
Quando pensamos em culturas no plural e não escalonamos as culturas em uma ordem qualquer, cada cultura passa a brilhar com luz própria, em seus próprios termos. Esse brilho individual, singular, é o que interessa à Antropologia desde o final do século XIX, a partir do trabalho de Boas.
Para ele, as diferentes populações que existem no mundo têm diferentes culturas e é praticamente impossível estabelecer entre elas qualquer tipo de hierarquia.
Analisando a história de várias populações indígenas do noroeste norte-americano e do Alasca, o antropólogo chegou à conclusão de que é muito difícil estabelecer entre elas qualquer tipo de hierarquia, pois as histórias são tão particulares, e preenchidas por interesses tão diferentes, que qualquer comparação só seria possível se fosse utilizada uma medida de análise, que seria sempre arbitrária. Ou seja, a comparação para estabelecer uma hierarquia sempre deveria adotar algum critério, tomado de alguma população, e nesse processo a própria comparação já seria injusta.
Nascido e educado na Alemanha, Boas formou seu conceito de cultura a partir das concepções alemãs de Kultur, ou "espírito do povo".
Ele transporta essa ideia para a Antropologia, em uma crítica ao evolucionismo. Para Boas, cultura era um todo integrado, e não apenas um conjunto desagregado de práticas, hábitos, técnicas, relações e pensamentos.
Essa integração de múltiplos elementos, ordenados a partir de um princípio compartilhado por todos os indivíduos de uma sociedade específica, criava a cultura. Por ser única e exclusiva de cada sociedade, inviabilizava qualquer tentativa de comparação a partir de pressupostos arbitrários. Para Boas, qualquer comparação exigiria tanto cuidado e tanta investigação histórica e antropológica que, na prática, seria inviável.
Povos
do Pacífico - Oceania, Melanésia, Micronésia e Polinésia
Sucessivas ondas migratórias, que resultaram em misturas raciais, e o
prolongado isolamento geográfico deram origem, nas ilhas do Pacífico, a uma
ampla variedade de etnias que podem, no entanto, ser classificadas em poucos
grupos principais.
Os povos indígenas do oceano Pacífico vivem na Austrália e nos
arquipélagos situados a leste do litoral asiático. Essa região do mundo,
conhecida como Oceania, é formada pelo território continental australiano e
três grupos etnogeográficos de ilhas: Melanésia, Micronésia e Polinésia. A
população original da Austrália é composta pelos australóides ou aborígines,
que viveram também na Tasmânia até 1876. A Melanésia, cujo nome significa
"ilhas negras", compreende vários cordões insulares situados a
sudoeste do Pacífico e é habitada por povos de pele escura. A Micronésia, ou
"ilhas pequenas", se situa na zona tropical do hemisfério norte e sua
população apresenta elementos melanésios e polinésios, que apresentam, no
entanto, identidade étnica própria. A Polinésia, ou "muitas ilhas",
situa-se a leste dos grupos anteriores e é habitada por povos polinésios.
Entre 40.000 e 25.000 a.C. os aborígines chegaram à Austrália e à
Tasmânia por uma via terrestre que posteriormente submergiu, ou transportados
por canoas. As ilhas Nova Guiné e Melanésia começaram a ser povoadas por volta
de 30.000 a.C. e nelas, como na Austrália, as ondas migratórias se sucederam até
pelo menos o nono milênio a.C. Os aborígines e as etnias melanésias, entre as
quais se destaca a dos papuas da Nova Guiné, procedem da Indonésia e do sul da
Índia. O povoamento da Micronésia teve início no segundo milênio anterior à era
cristã, com grupos humanos procedentes da Indonésia, das Filipinas e da Melanésia.
A Polinésia começou a ser habitada também a partir do segundo milênio por povos
originários da Insulíndia e da Melanésia oriental. A ocupação humana da
Polinésia só se completou no século XIII da era cristã.
Grupos étnicos da Oceania-
O estudo da origem e evolução dos povos oceânicos é dificultado por sua
dispersão em mais de dez mil ilhas, distribuídas numa superfície oceânica de
750.000 km², não incluído o território australiano. A diversidade geográfica
teve importante papel no desenvolvimento dos inúmeros tipos de sociedade e
cultura da Oceania. A arqueologia e os estudos linguísticos contribuíram para
formar um quadro geral, embora incompleto, da históriaculturaldos
povos oceânicos.
Com raras exceções, como é o caso de algumas tribos do interior da Nova
Guiné, os povos da Austrália e das ilhas do Pacífico receberam intensa
influência da civilização ocidental e adotaram novas formas de vida, tanto por
escolha como por necessidade. Em razão disso, somente se conservaram algumas
características das culturas tradicionais. As principais características
raciais dos aborígines são pigmentação escura, cabelo ondulado ou crespo,
dolicocefalia (crânio ovalado), baixa estatura, dentes grandes, supercílios
proeminentes e prognatismo (projeção da mandíbula) acentuado.
No fim do século XVIII, quando os britânicos começaram a se estabelecer
na Austrália, os aborígines somavam aproximadamente 300.000 indivíduos,
agrupados em cerca de 500 tribos. Não conheciam a agricultura e sua alimentação
se baseava na coleta e na caça. Como armas, empregavam o arco e flecha, a lança
(com ponta de pedra) e o bumerangue.
Os aborígines praticavam o nomadismo em territórios demarcados para
cada tribo em torno de pontos onde se podia conseguir água. A organização
social se baseava no clã, constituído de várias famílias patriarcais vinculadas
pela veneração a um antepassado comum. Suas crenças religiosas estabeleciam
relações entre a ordem humana e a ordem natural e o totem de cada clã
representava as espécies associadas ao grupo humano. Somente os anciãos tinham
conhecimento da vida além do espaço e do tempo, o que lhes conferia autoridade
em assuntos sociais e rituais. A partir de sua experiência com a medicina tradicional,
o curandeiro procurava extrair o mal dos enfermos e lhes devolver a vontade de
viver. A morte era em geral atribuída a causas mágicas. A música, a poesia e a
dança, assim como as pinturas e gravuras em pedra, na casca de árvores ou na
terra podiam ter significado religioso ou puramente artístico.
Melanésios-
Provavelmente relacionados com a raça dos aborígines da Austrália e, como eles,
procedentes do sudeste da Ásia, os melanésios têm pele escura, cabelo crespo ou
ondulado, compleição robusta, crânio dolicocéfalo e grandes mandíbulas e
molares. Vivem na Melanésia e em parte da Micronésia, nas Filipinas e na
Malásia. Nessa classificação racial estão incluídos os papuas e os pigmeus
oceânicos. Os melanésios propriamente ditos vivem na Nova Guiné e nas ilhas
situadas a leste; os papuas habitam sobretudo as terras do golfo de Papua, na
Nova Guiné; e os pigmeus, as montanhas do interior dessa ilha.
Os povos melanésios apresentam grande diversidadecultural. Sua organização social se baseia no
grupo familiar, dentro do qual a herança pode ser transmitida por via
patrilinear, matrilinear ou por ambas as vias. Cada família, que costuma
possuir sua própria casa, construída diretamente sobre o solo ou sobre pilares,
junta-se a outras em clãs com antepassados comuns. Os clãs, por sua vez, se
unem em tribos. Algumas comunidades melanésias de Fidji e das ilhas Trobriand
formam grandes unidades políticas, mas o mais comum são as aldeias de 50 a 200
habitantes. A autoridade sobre a tribo é delegada a um chefe que, na maioria
dos casos, ascende à posição dominante por méritos pessoais e não por
hereditariedade.
A cultura tradicional dos melanésios somente conserva suas formas
originais em alguns lugares isolados do contato com a moderna civilização. A
religião, de tipo animista, se manifesta na dança e na música, atividades
artísticas que também são praticadas como divertimento. A arte melanésia, muito
rica e variada, alcança grande expressão no artesanato em madeira, conchas
marinhas, carapaças de tartaruga, fibras vegetais, plumas, flores etc.
Polinésios -Por
seus peculiares traços raciais, os polinésios parecem descender de uma mistura
de elementos caucasóides (brancos), mongolóides e melanésios. Têm pele clara,
cabelo ondulado ou liso e estatura mediana ou elevada. Vivem na Polinésia e em
parte da Micronésia e da Nova Zelândia.
A sociedade tradicional polinésia se baseava na grande família
patriarcal, na qual a autoridade se transmitia por ordem de primogenitura. As
famílias, praticamente auto-suficientes, se agrupavam em casarios ou aldeias.
Em Samoa, as aldeias costumavam ser protegidas por paliçadas, e as casas
consistiam de pilares de madeira, sem paredes, sobre os quais se sustentavam
telhados de palha.
A principal característica da cultura dos polinésios é sua adaptação ao
mar. Nenhum outro povo do Pacífico conseguiu se identificar de forma tão
completa com o oceano, o que se manifesta na apurada técnica de fabricação de
barcos, no sistema de navegação, na forma de vida altamente dependente da
pesca, nos costumes e nas crenças religiosas.
Cada grupo de ilhas desenvolveu técnicas artísticas próprias. No Havaí,
destaca-se a confecção de capas e toucados de plumas, enquanto na Nova Zelândia
sobressaem os entalhes de madeira e a construção de canoas de guerra dos
maoris. Exemplo único de escultura monumental são as grandes figuras de pedra
da ilha da Páscoa. Muito conhecidas também são as danças polinésias, nas quais
se combinam graciosamente movimentos de quadris e mãos. Os trabalhos em
madeira, casca de árvores, plumas etc, conservaram suas técnicas originais em
algumas ilhas, como Samoa e Tonga, enquanto em outras a arte autóctone se
fundiu com influências estrangeiras.
Micronésios -De
pele escura, cabelo ondulado ou crespo e baixa estatura, os micronésios se
diferenciam dos melanésios e dos polinésios principalmente pelo tipo físico.
Quando da chegada dos europeus, os indígenas da Micronésia habitavam pequenas
aldeias, de vinte a cinquenta habitantes, e viviam da pesca e da agricultura.
As cabanas consistiam de um único cômodo, mas uma construção maior, que servia
como lugar de reunião, erguia-se no centro do povoado. Os grupos, ligados por
laços de parentesco ou matrimônio, realizavam suas atividades sociais,
econômicas e políticas dentro de um sistema de ajuda mútua. A poligamia era
permitida, ainda que somente praticada pelos homens mais poderosos. A religião
animista incluía crenças em divindades naturais, espíritos vinculados a
localidades determinadas ou a funções específicas, e parentes ou amigos mortos
com quem se podia estabelecer comunicação.
Na Micronésia, distinguiam-se as culturas das ilhas altas e das ilhas
baixas. No entanto, ambos os grupos sociais compartilhavam a mesma confiança na
estabilidade da estrutura social frente à adversidade dos fenômenos naturais.
Entre as técnicas e artes micronésias sobressaem as canoas decoradas, as
pinturas sobre madeira das casas de Palau e as máscaras e figuras de madeira
das ilhas Mortlock.
Grupos linguísticos -As
línguas faladas nas ilhas do Pacífico pertencem majoritariamente à família
malaio-polinésia, também denominada austronésia por alguns autores, que se
divide em três grandes grupos: indonésio, polinésio e melanésio. Conjunto
bastante diferenciado, o grupo indonésio é integrado por diversas línguas e
dialetos derivados de uma língua comum já extinta. O grupo polinésio inclui
cerca de vinte línguas, faladas por todo o Pacífico, sobretudo nas ilhas da
Oceania, do Havaí à Nova Zelândia, e de Fidji à ilha da Páscoa. O grupo
destaca-se sobretudo pelo ramo micronésio, falado nos arquipélagos da
Micronésia e que serve de ligação entre o universo linguístico indonésio e as
diversas comunidades do Pacífico. O grupo melanésio é formado por dez conjuntos
distintos, com um total de cerca de 45 línguas.
Na Nova Guiné e ilhas vizinhas, tais como Timor e Halmahera, falam-se
línguas denominadas papu, embora essa denominação suscite divergências entre
especialistas. São mais de cem línguas que aparentemente não apresentam
parentesco genealógico, algumas das quais com poucas centenas de falantes.