segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Controle das relações sexuais


O comportamento sexual varia significativamente de uma sociedade para outra, pois a cultura é importante para determinar quando, como e entre quais pessoas as relações sexuais acontecem.

Por exemplo, em algumas sociedades, as relações sexuais durante a gravidez é tabu; outras julgam tais relações como algo positivo, que promove o crescimento do feto.

Enquanto algumas sociedades condenam veementemente as relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, outras as aceitam.

Em muitas partes do mundo, as relações sexuais fora do casamento normalmente não são permitidas, assim, são ocultadas, motivo de escândalo ou condenadas.

Em uma sociedade dominada pelos homens, como o Japão, esse ideal cultural se aplica à mulher (muito mais que ao homem), como ressalta a cor branca da roupa da noiva. Contudo, a preocupação com a "pureza" sexual da noiva não é universal e, nas últimas décadas, diminuiu ou desapareceu em muitas sociedades.



Diferentemente dos indivíduos criados em famílias japonesas xintoístas tradicionais, os jovens solteiros nas Ilhas Trobriand, no Pacífico Sul, não sofrem repressão nas descobertas sexuais pré-maritais. Atrair um parceiro sexual é um assunto relevante e os trobriandeses passam grande parte do tempo se enfeitando para se tornarem atrativos e sedutores.

As conversas dos jovens, durante o dia, são repletas de insinuações sexuais e encantos mágicos; esses jovens também dão pequenos presentes para atrair um possível parceiro sexual para a praia, à noite, ou para a casa, onde os rapazes dormem separados dos pais. Como isso também acontece com as garotas, os jovens e adolescentes têm liberdade considerável para organizar seus encontros amorosos. Rapazes e garotas participam desse jogo com igualdade, um não tem vantagem sobre o outro.

Até o fim do século XX, a atitude do povo de Trobriand em relação à sexualidade do adolescente apresentava grande contraste com a da maior parte das culturas ocidentais, nas quais os indivíduos não deveriam ter relações sexuais antes ou fora do casamento. Desde então, em grande parte dessas regiões, as práticas se modificaram e ficaram parecidas com as dos trobriandeses, embora o ideal tradicional de abstinência pré-marital não tenha sido inteiramente abandonado.

Além da grande variedade de práticas heterossexuais diferentes, também há muita diversidade transcultural referente a relações entre pessoas do mesmo sexo. Não raro, pode-se encontrar misturas de relações sexuais, como em muitas culturas da Melanésia, ou mesmo da Nova Guiné. Lá, certos atos sexuais entre homens fazem parte dos ritos de iniciação de todos os garotos, para que se tornem adultos de respeito.

Por exemplo, algumas comunidades Papua, na Nova Guiné, consideram a transmissão do sêmen, dos mais velhos para os mais jovens, através do sexo oral, algo vital para desenvolver a força necessária a fim de criar proteção contra os efeitos supostamente debilitantes da relação heterossexual adulta.


Documentário: Tabu - Sexo







Economia e Subsistência [1]: Controle dos recursos naturais (terra e água)


Determinado sistema econômico é um conjunto organizado para produção, distribuição e consumo de bens.

Uma vez que um povo, na busca por certo meio específico de subsistência, necessariamente produz, distribui e consome, é obvio que nossa discussão sobre padrões de subsistência envolve os aspectos econômicos. Contudo, os sistemas econômicos englobam muito mais do que se discutiu até agora.

Embora os antropólogos tenham adotados teorias e conceitos da economia, a maioria reconhece que os princípios teóricos derivados do estudo de economias de mercado capitalistas têm aplicação limitada aos sistemas econômicos em sociedades que não são industrializadas e onde as pessoas não produzem e trocam bens para lucro próprio.

Isso acontece porque, nessas sociedades que não são consideradas Estados, a esfera econômica de comportamento não se separa das esferas social, religiosa e política.

Em cada sociedade, costumes e regras específicas determinam o tipo de trabalho, quem o realiza, as atitudes em relação a ele, como é feito e quem controla os recursos necessários para a produção de bens, conhecimento e serviços necessários.

Os recursos básicos em qualquer cultura são matéria-prima, tecnologia e mão-de-obra. As regras que direcionam o uso desses recursos estão inseridas na cultura do povo e determinam como a economia opera em qualquer ambiente natural específico.

Controle dos recursos naturais (terra e água)

Toda sociedade regula a alocação de recursos naturais valiosos, principalmente terra e água.

Os coletores devem determinar quem caça e coleta plantas e onde essas atividades acontecem.

Os grupos que dependem da pesca ou da agricultura precisam decidir quem realiza tal tarefa, em que área de terra ou de água.

Os agricultores devem ter alguma maneira de determinar o direito à terra e o acesso a suprimentos de água para a irrigação.

Os pastores necessitam de um sistema que estabeleça direitos a locais com água e pastagens, assim como a áreas por onde conduzir as manadas.

Nas sociedades capitalistas do ocidente, geralmente prevalece o sistema de propriedade privada da terra e direito a recursos naturais. Por exemplo, embora existam leis elaboradas para regulamentar a compra, a posse e venda de terras e recursos hídricos, se o indivíduo deseja realocar uma área valiosa para outros fins, normalmente obtém permissão.

Nas sociedades não industriais tradicionais, a terra, no geral, é controlada por grupos com afinidades ou parentesco, não por um único indivíduo.

Por exemplo, entre os ju/'hoansi, do deserto do Kalahari, cada grupo de dez a trinta pessoas vive em uma área de aproximadamente 650 quilômetros quadrados, considerada seu território, seu próprio país. Esses territórios não são definidos por fronteiras, mas pelos locais onde existe água.

A terra é "propriedade" dos membros mais antigos, de modo geral um grupo de irmãos e irmãs ou primos. Seu conceito de propriedade da terra, porém, não é fácil de ser traduzido nos termos ocidentais modernos de propriedade privada. Basta dizer que, de acordo com sua visão tradicional, nenhuma parte do território pode ser vendida ou trocada por outros produtos. Os estranhos devem pedir permissão para entrar no território (terra natal), mas negar a autorização seria algo impensável.

Os povos coletores costumam definir territórios com base em características básicas:
  • poços de água (como entre os ju/'hoansi)
  • rios e riachos (como entre os indígenas da região nordeste dos Estados Unidos)
  • locais específicos onde se acredita que morem os espíritos ancestrais (como entre os aborígenes da Austrália)
Os limites territoriais tendem a ser vagamente definidos e, para evitar atritos, os coletores podem designar parte do seu território como zona neutra, que também é utilizada pelos vizinhos.

O valor adaptativo é óbvio: a extensão do território, assim como o tamanho do grupo, pode ser ajustado para equilibrar a disponibilidade de recursos em uma área específica. Tal ajuste seria mais difícil em um sistema de propriedade individual de um território com limites claramente demarcados.

Documentário: Vida dos Himbas na Namíbia - Nova África




Documentário: Território Inuit - Biomas (Ártico)