Antropólogos estudam a diversidade biológica em termos de clines, ou a gradação contínua no espaço da forma ou frequência de uma característica. A análise da cline de uma característica contínua, como o biotipo físico, controlado por uma série de genes, possibilita ao antropólogo a interpretação da variação global do biótipo do físico humano como uma adaptação ao clima.
De modo geral, pessoas nativas de regiões de clima frio tendem a ter o tronco maior (o que não equivale a supor que sejam gordas) que suas extremidades (braços e pernas), em comparação com as pessoas nativas de clima quente, que em geral são relativamente altas e esguias. É interessante ressaltar que o corpo alto e esguio surgiu na evolução humana há aproximadamente 2 milhões de anos. Uma pessoa com corpo grande e extremidades relativamente menores pode sofrer mais com o calor do verão que aquela com corpo esguio e extremidades relativamente longas. Contudo, a pessoa conservará o calor corporal necessário sob condições frias. O tronco grande tende a conservar mais calor que o esguio, porque tem área de superfície menor em relação ao volume. Em regiões quentes e planas, em contraste, as pessoas com corpo esguio conseguem liberar rapidamente o excesso de calor. O corpo esguio também provoca perda de calor por causa da razão entre área de superfície maior e volume.
Além de o clima provocar efeitos de longo prazo sobre a variação humana, também pode contribuir para a variação através do impacto sobre o processo de crescimento e desenvolvimento (adaptação de desenvolvimento).
Por exemplo, já se mostrou que alguns dos mecanismos fisiológicos para suportar o frio ou dissipar o calor dependem do clima em que o indivíduo vive quando criança.
Aqueles indivíduos que passam a juventude em climas muito frios desenvolvem modificações no sistema circulatório que fazem com que se sintam confortáveis em temperaturas que pessoas de clima quente não conseguem tolerar. Da mesma forma, o clima quente promove o desenvolvimento de glândulas sudoríparas de maior densidade, criando um sistema mais eficiente para manter o corpo resfriado.
Os processos culturais complicam os estudos sobre biótipo físico e adaptação climática.
Por exemplo, as diferenças de dieta, principalmente durante a infância, provocam variação no formato do corpo por meio de seus efeitos no processo de crescimento.
Outro fator complexo é a maneira de se vestir. Grande parte do modo como as pessoas se adaptam ao frio é cultural, não é biológico.
Por exemplo, os inuítes, povo do norte do Canadá, vivem numa região ártica onde faz frio a maior parte do ano. Para suportar isso, há muito tempo eles desenvolveram roupas adequadas para manterem seus corpos aquecidos. Assim, os inuítes (e outros povos esquimós) possuem, até certo ponto, ambientes tropicais artificiais dentro das vestimentas. Tais adaptações culturais permitem que os seres humanos habitem todas as regiões do planeta.
Alguns antropólogos sugerem que a variação de certas características, como o formato do rosto e dos olhos, está relacionada ao clima.
Por exemplo, os antropólogos biológicos já propuseram que o perfil de cabeça redonda e rosto chato, comum nas populações nativas no centro e no leste da Ásia, assim como na região ártica da América do Norte, é resultado de uma adaptação a ambientes muito frios. Embora esses aspectos sejam comuns nas populações asiáticas e ameríndias, existe considerável variação física dentro de cada uma delas. Alguns indivíduos que se disseminaram da Ásia para a América do Norte apresentam um formato de cabeça que é mais comum entre os europeus.
Palestra: A evolução da cor da pele e o clima
Em termos biológicos, a evolução é responsável pela grande diversidade e por tudo o que os seres humanos compartilham. A evolução também é responsável pelo surgimento de novas espécies ao longo do tempo.
O primatologista Frans de Waal afirmou que a
"evolução é uma ideia magnífica que já atraiu praticamente todas as pessoas do mundo que desejam ouvir os argumentos científicos".
Antes de abordarmos a questão da evolução humana, vamos analisar os outros primatas atuais para entender que tipo de animais eles são, o que têm em comum com os seres humanos e o que distingue as várias formas.
Excelente artigo! Seria interessante abordar o impacto das dietas locais sobre a formação dos fenótipos étnicos, como a oferta de caça (proteína), que favorece o biótipo mesomorfo, a necessidade de grandes caminhadas para a subsistência, que favorece o biótipo ectomorfo... só supondo rsrs
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