sábado, 28 de março de 2015

As cidades e os Estados - introdução aos agregados humanos organizados


A Cidade: uma Máquina do Tempo

Com o surgimento de cidades e estados, as sociedades humanas começaram a desenvolver e constituir governos que centralizavam o poder e possibilitaram a construção de estruturas monumentais, como as grandes pirâmides do Egito, próximas à cidade do Cairo.

No entanto, as cidades e os estados também geraram uma série de problemas que os seus habitantes ainda hoje enfrentam.

Por exemplo, a estratificação social, em que uma elite dominante controla os meios de subsistência e muitos outros aspectos da vida cotidiana, traz exploração a muitos moradores de áreas mais afastadas e pobres.

Embora as pessoas das sociedades estratificadas sejam interdependentes, a elite tem acesso desproporcional a todos os recursos e exerce controle sobre eles, incluindo a mão de obra.

No Cairo, como em outras grandes cidades, as residências, por exemplo, são dramaticamente diversas para diferentes classes sociais. Enquanto a elite vive em casas luxuosas, 5 milhões de pessoas pobres habitam ilegalmente as tumbas de um cemitério, conhecido como Cidade dos Mortos.



Um passeio por uma rua movimentada de Nova York ou São Francisco mostra inúmeras atividades essenciais da sociedade norte-americana.

As calçadas estão repletas de pessoas que entram e saem de escritórios e lojas.

O fluxo intenso de carros, táxis e caminhões periodicamente provoca congestionamentos.

Em apenas duas quadras pode-se encontrar comércio variado: mercearias, lojas de roupas e utilidades, livrarias, restaurantes, bancas de jornal e revistas, postos de gasolina, cinemas. Outros locais, como museus, delegacias de polícia, escolas, hospitais ou igrejas, distinguem alguns bairros.

Cada um desses postos de serviço ou locais de comércio depende de outros que estão fora dessas quadras.

Um açougue, por exemplo, depende de matadouro e fazendas de criação de gado.

Uma loja de roupas não existe sem estilistas, sem fazendeiros que produzam algodão e lã, ou operários que manufaturam as fibras sintéticas.

Os restaurantes dependem de transporte refrigerado e produtores de legumes, verduras e laticínios.

Os hospitais precisam de seguradoras, farmacêuticas e de equipamentos médicos para funcionar.

Todas as instituições, afinal, necessitam dos serviços de utilidade pública - telefone, gás, água e eletricidade.

Embora a interdependência não esteja de imediato aparente, é um aspecto relevante nas cidades modernas.

A interdependência de bens e serviços em uma grande cidade faz com que inúmeros produtos estejam prontamente disponíveis. Mas a interdependência também gera vulnerabilidade.

Se houver greve, mau tempo ou atos de violência, pode haver interrupção no funcionamento de um serviço; outros podem se deteriorar.

Ao mesmo tempo, as cidades apresentam rapidez na capacidade de responder às tensões. Quando um serviço é interrompido, outros assumem suas funções.

Durante uma longa greve dos jornais, em Nova York na década de 60, por exemplo, várias revistas foram lançadas e as redes de televisão expandiram a cobertura de notícias e eventos. Esse fenômeno lembra o aumento recente do número de reality shows nos EUA, durante a greve dos roteiristas de Hollywood, no fim de 2007 e início de 2008.

Em muitas partes do mundo, a violência das guerras tem causado danos imensos à infraestrutura básica, o que provoca o desenvolvimento de sistemas alternativos para lidar com a situação, desde tarefas básicas, como obter alimentos, à comunicação entre os sistemas políticos globais.

Com o surgimento da internet e da globalização, a interdependência de bens e serviços, que costumava ser característica apenas das cidades, se estende muito além dos seus limites.

À primeira vista, a vida na cidade parece tão ordenada que a consideramos normal; mas um momento de reflexão nos faz lembrar que sua estrutura intrincada nem sempre existiu, e a disponibilidade concentrada de diversos produtos é um desenvolvimento muito recente na história humana.




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